Reconhecer o efeito de sentidos decorrente da escolha de uma palavra ou expressão, inclusive em usos afetivos e/ou pejorativos de diminutivos ou aumentativos, em palavras ou expressões intencionalmente grafadas em língua estrangeira, nas figuras de linguagem etc.
O fim da escrita de mão
Flávio Ferrarini
Pois, meu prezadíssimo leitor, estou escrevendo esta crônica à mão. Somente após estar inteiramente escrita e revisada, transcreverei o texto para o meio digital, ou seja, para o processador de texto do computador.
Normalmente, vinha escrevendo quatro ou cinco linhas no papel – a ideia central , e depois corria para o computador. A razão disso? Continue lendo e logo descobrirá.
Nós que ainda mantemos um leve traço de romantismo estamos indo de mal a pior.
As últimas referências que tínhamos das memórias afetivas caminham para o fim.
A fotocopiadora ou a máquina de Xerox, como todos nós a conhecemos, praticamente se foi. Caso você não lembre ou não saiba, a operação se inicia quando acende uma lâmpada com a função de varrer todo o documento copiado. A imagem é projetada por meio de lentes e espelhos para a superfície de um tambor fotossensível.
Logo não ficará nem uma cópia da máquina de Xerox para contar a história. O mesmo aconteceu com a velha máquina de escrever e com o aparelho de fax. Há quem diga que o livro físico também está com os dias contados, dando lugar aos e-books ou os livros eletrônicos.
O golpe de misericórdia contra nós, os últimos românticos, é o anúncio da morte da escrita cursiva, em que as palavras são formadas com letras emendadas pelas pontas. Os americanos estão tornando opcional o ensino da escrita de mão. O argumento para a decisão é que a letra cursiva não é mais útil ao computador.
Então é isso: adeus lápis e caneta.
Não demorará muito tempo para o lápis e a caneta caírem no ostracismo. Em algumas dezenas de anos, esses fabulosos instrumentos da escrita à mão só serão encontrados em museus e nas mãos de colecionadores.
Imagine, espantadíssimo leitor, que daqui a alguns anos, quase ninguém mais saberá escrever em uma folha branca de papel, mas tão somente digitar no teclado do computador. […]
Para nós que amamos as canetas quase tanto quanto as nossas mães será uma dor imensa ter que aceitar o abandono do ensino da escrita em cursivo.
Lembra da caneta-tinteiro? Levei surras homéricas para aprender a manejá-la corretamente de forma que não saísse distribuindo borrões no papel. Lembra dos cursos de caligrafia? […]
Nas relações médico-paciente, a velha caneta e o velho papel também sumirão. Nas consultas, o profissional olhará apenas para o teclado e a tela do computador, enquanto o paciente lhe informa o seu histórico da saúde.
É claro que deixei intencionalmente para o epílogo o assunto das cartas. […]
Espero que não me bote a pecha de brega, mas uma boa carta de amor é irresistível, mesmo que o velho Pessoa tenha dito que todas as cartas de amor são ridículas. “Escrevo-te essas mal traçadas linhas, meu amor”…
Adaptado de http://www.tirodeletra.com.br/conto/Cronica-Ofimdaescritaamao.htm
RESPONDA:
1) Qual o sentido da expressão destacada no trecho: “Há quem diga que o livro físico também está com os dias contados, dando lugar aos e-books ou os livros eletrônicos.”
R. _______________________________________
GABARITO.
RESPOSTA:
1) Qual o sentido da expressão destacada no trecho: “Há quem diga que o livro físico também está com os dias contados, dando lugar aos e-books ou os livros eletrônicos.”
R. Quenão vai durar muito tempo